o mar do poeta

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sábado, novembro 7

A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA



O articulista é leitor assiduo do Jornal Tribuna de Macau, e hoje, muito surpreso ficou ao ler, na última página deste prestigiado jornal, um artigo publicado por Ferreira Fernandes, no qual abordava o tema Quincas ressuscitou (para pior). Fazia igualmente referência ao grande escritor Jorge Amado, de quem o artigo é sue fã faz muitos anos e é possuidor de 5 livros de sua autoria, porém sobre o Quincas nada sabia e então foi investigar o assunto.


A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água é um romance do escritor brasileiro Jorge Amado, membro da Academia Brasileira de Letras, publicado em 1961.


 Resumo

Considerado uma das mais importantes obras da literatura brasileira, o romance conta história de Joaquim Soares da Cunha, respeitável cidadão casado e com filhos, que leva uma vida pacata de funcionário público.

Um dia porém, o persanagem resolve mudar seu destino, e assim, abandona a família para viver como um vagabundo, entregando-se aos vícios mundanos, especialmente a bebida, quando recebe o apelido de Quincas Berro D'água.



Aí ocorre sua primeira morte, a morte moral decretada pela família, para evitar a humilhação perante a sociedade.


A segunda morte ocorre de fato, descoberta por uma amiga de Quincas, quando foi visita-lo em seu quarto sujo, e comprovada por um médico. Seus familiares resolvem esquecer o passado vergonhoso, e para resgatar a memória respeitável de Joaquim, providenciam um velório e um enterro caro.

Mas quando seus amigos de bebedeiras chegam ao velório e encontram o defunto com um sorriso, o tomam como vivo, arrastando seu corpo para uma noite de farra. A certa hora decidem usar um barco para passear no mar, mas uma súbita tempestade lança uma grande onda sobre eles, fazendo com que Quincas Berro D´água tenha a sua terceira morte.


A partir daí surge a grande controvérsia: Para a família, Joaquim morrera de causas naturais; para os amigos, Quincas tirou a própria vida ao atirar-se nas águas do mar, pois temia ser enterrado num caixão.

Fonte - Enciclopédia livre



Até hoje permanece certa confusão em torno da morte de Quincas Berro Dágua.


Quincas Berro D'água era um velho debochado e Vagabundo das ruas da Bahia. Um dia amanheceu morto num quarto imundo.
Foram testemunhas do que aconteceu apenas Mestre Manuel e Quitéria do Olho Arregalado.
Teria sido assim: a família do morto - sua respeitável filha Vanda e seu formalizado genro, Leonardo, funcionário público de promissora carreira, tia Marocas e seu irmão mais moço, Eduardo- acreditavam que tudo não passava de invenções de bêbados e patifes.

Vanda foi chamada quando o santeiro avisou que Quincas havia morrido sozinho num quarto pobre e sujo. Ela, a filha envergonhada porque o pai, Joaquim Soares da Cunha (verdadeiro nome de Quincas) homem respeitável, funcionário da mesa de Rendas Estadual havia se entregado à vida de bêbado. Quando ela chegou, depois de avisar o marido Leonardo e os parentes, Tia Marocas e Eduardo, viu o cadáver do pai e apenas via o cachaceiro, debochado e jogador, sem família, sem lar, sem flores e sem reza.


A família fica preocupada com o preço do velório: o caixão era caro, uma fortuna, hoje não se pode nem morrer. Compraram uma roupa preta, sapatos pretos, camisa branca, gravata e meias. Vanda estava preocupada de onde sairia o caixão.

Vanda, recostada ao cadáver do pai, vai se lembrando do passado. Dez anos levara Joaquim aquela vida absurda, depois que abandonara a família, sua mulher Otacília. Era citado no jornal como o Rei dos vagabundos da Bahia, o Cachaceiro-mor de Salvador, o filósofo esfarrapado da rampa do mercado, o senador das gafieiras. Regressou à infância, lembrou-se de seu noivado e ficou comovida. .

Quando todos chegam para o velório, Quincas no caixão sorria e passou a chamar as mulheres de Jararacas. Vanda estremeceu na cadeira. Quincas mantinha um sorriso vitorioso nos lábios. Ajeitou-se melhor no caixão.

Mestre Manuel, navegador, se lembra de como Joaquim recebeu o apelido de Berro Dágua: Quem sabia melhor beber do que ele, jamais completamente alterado, tanto mais lúcido e brilhante quanto mais aguardente emborcava? Capaz como ninguém de adivinhar a marca, a procedência das pingas mais diversas, conhecendo-lhes todas as nuanças de cor, de gosto e de perfume.

Quando escureceu, Quincas tornou-se inquieto no caixão. Olhava para a janela e para a porta. Os quatro amigos de farra e vadiagem chegaram: Curió, era ainda moço, alegrias e tristezas afetavam-no profundamente. A morte de Quincas parecia-lhe uma amputação, como se lhe houvesses roubado um braço, uma perna, como se lhe tivessem arrancado um olho.



O segundo a chegar foi o Negro Pastinha, que chamava Quincas de Pai.

Logo depois, Martim . Conhecia Quincas desde que dera baixa do Exército, uns quinze anos antes.Sua altivez de mulato boa pinta e a agilidade de suas mãos no baralho faziam-no respeitado. Sem falar em sua capacidade ao violão.

Por último, chegou Pé-de-Vento. Esse não tinha pouso certo, a não ser às quintas e domingos à tarde, quando invariavelmente brincava na roda de capoeira. Fora isso, sua profissão levava-o a distantes lugares. Caçava ratos e sapos para vendê-los aos laboratórios de exames médicos e experiências científicas, o que o tornava uma figura admirada, opinião das mais acatadas.

Por eles estivera Quincas esperando, sua inquietação no fim da tarde devia-se apenas à demora, ao atraso da chegada dos vagabundos. Quando Vanda começava a acreditar o pai vencido, disposto finalmente a entregar-se, a silenciar os lábios de sujas palavras, de novo resplandecia o sorriso na face morta, mais do que nunca era de Quincas Berro Dágua o cadáver em sua frente.

A família foi para casa descansar. Ficaram só os quatro amigos. Começaram a beber. Os primeiros tragos despertaram nos quatro amigos um acentuado espírito crítico. Aquela família de Quincas, tão metida a sebo, revelara-se mesquinha e avarenta. Fizera tudo pela metade. Não havia cadeiras para os convidados. Não havia comidas e bebidas. Haviam esquecido as flores, onde jáse viu cadáver sem flores? Negro Pastinha diz a Quincas que estava um defunto porreta. Quincas retribui o elogio com um sorriso. Os quatro começam a rezar mas não terminam. Martim e Curió começam a discutir sobre quem ficaria com a Quitéria do Olho Arregalado depois da morte de Quincas. O defunto não gosta da conversa e resmunga .

Então começam a dar cachaça a Quincas. Depois, trocam sua roupa pelas velhas que ele usava, que estavam jogadas a um canto. As roupas novas do defunto são divididas pelos quatro amigos. Saem pra rua levando o defunto Quincas.

Aquela ia ser uma noite memorável. Tinha corrido a notícia de que Berro Dágua tinha batido as botas, tava tudo de luto.

Quando chegaram, Quitéria veio receber Quincas.

Os quatro brigam com um grupo de maconheiros e a turma de Quincas vence a peleja.

Mestre Manuel já os esperava em seu barco. Quincas e Quitéria iam juntos, respirando o ar marinho. Maria Clara, mulher de Mestre Manuel estaca junto do marido. De repente, cinco raios sucederam-se no céu, a trovoada reboou num barulho de fim do mundo, uma onda sem tamanho levantou o navio. As pessoas gritaram.

Penetrava o saveiro nas águas calmas do quebra-mar, mas Quincas ficara na tempestade, envolto num lençol de ondas e espuma, por sua própria vontade.

No dia seguinte não houve enterro. Não devolveram o defunto à família. A funerária não quis receber o caixão de volta. Vanda aproveitou as velas que sobraram.


JORGE AMADO

Sérgio Machado filma 'Quincas Berro d'Água' na Bahia


AE - Agencia Estado



SÃO PAULO - Desde que terminou sua participação na minissérie Alice, da HBO, que codirigiu com Karin Aïnouz, Sérgio Machado se instalou em Salvador, de volta às origens - é baiano -, para preparar as filmagens de Quincas Berro d?Água, adaptação do romance de Jorge Amado. Foi mais de um ano de preparativos - exatamente, um ano e dois meses. Na sexta passada, as filmagens finalmente começaram. Na primeira cena filmada, Marieta Severo, como Manuela, a prostituta ?espanhola? do Pelourinho, sobe na torre e ameaça se jogar, ao saber da morte de Quincas. Sérgio Machado admite que nunca se preparou tanto para um filme. Mas ele também reconhece que nunca fez nada tão grande. "Quincas é o dobro de Cidade Baixa", ele resume, referindo-se ao longa precedente.

Quincas, que será distribuído pela Buena Vista, é a primeira parceria da Videofilmes com a Globo Filmes. Não apenas seu orçamento é mais elevado que o de Cidade Baixa - o dobro, R$ 6,5 milhões -, como o novo filme multiplica por dez os personagens de Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga no anterior e o número ainda não dá conta da quantidade de figuras importantes da trama. Quincas é Paulo José, Manuela é Marieta e também estão presentes Mariana Ximenes, Vladimir Brichta, Milton Gonçalves e muitos outros. "Fiz dezenas de testes para selecionar o elenco", resume o diretor, que entrevistou astros, estrelas e também gente desconhecida, mas talentosa. Como sempre, Machado fez um trabalho de preparação do elenco - com Fátima Toledo.

"São atores de várias procedências e eu tenho aqui muitas cenas de ação, de lutas. Fátima me garante uma unidade antecipada de interpretação, e isso é fundamental para mim." Adaptar Quincas Berro d? Água era um sonho antigo do diretor. Sua admiração por Jorge Amado beira a devoção. "Ele foi um verdadeiro pai para mim. Quando lhe mostrei meu primeiro curta, Jorge botou fé no meu trabalho. Foi quem me apresentou Walter Salles. Jorge foi uma figura tão referencial em minha vida que dei o nome dele ao meu filho."

Não faz muito tempo, Sérgio Machado foi convidado a escrever um texto sobre Jorge Amado - e Quincas - numa revista especializada de literatura. Houve uma enquete para determinar a obra-prima do escritor e Quincas saiu vitorioso. É o maior romance do escritor, embora outros possam ser mais populares - os casos de seus perfis de mulheres, Gabriela Cravo e Canela, e Tieta do Agreste. "Tenho a impressão de que tudo o que fiz antes me trouxe a Quincas", diz Machado. Por ?tudo?, ele quer dizer o documentário Onde o Mundo Acaba, sobre Mário Peixoto, o lendário autor de Limite, e a ficção Cidade Baixa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




Não sabe o articulista se algum dia terá o previlégio de poder ver este interessante filme, entretanto encomendou já esta maravilhosa novela, escrita pelo seu escritor preferido que é JORGE AMADO, que embora Deus o tenha levado para sua morada, seus livros e sua escrita permacem no coração de todos aqueles que sempre o admiraram.



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