o mar do poeta

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domingo, março 31

VOWZ - UM BAR BUDISTA

Ontem, vendo o canal de televisão NewsAsia, fiquei a saber que no Japão existe um bar cujo proprietário é um monje budista.

Fiquei curioso, já que os monjes budista na Tailândia, não podem ser donos de nada e tão pouco servir bebidas alcoólicas.

Mas nada já me espanta, em Macau, todas as manhãs vejo três monjes budistas tibetianos, que vivem numa residência de luxo, bem perto de minha residência, e, acompanhados de senhoras, vão tomar o pequeno almoço no café onde o articulista é freguez habitual.


Na Tailândia, e junto à casa do articulista, todas as manhãs, por volta das 06.30 horas, um monje budista, descalço e levando na mão uma tijela, corre as ruas junto do seu templo, pedindo esmolas para as almas, é esse seu alimento diário. Este ritual se pode ver por todo o país, os monjes só tomam as suas refeições no templo e não podem tocar nas mulheres.

Mas em cada país as regras parecem ser diferentes, tal como acontece no cristianismo.

Fazendo uma busca na internete encontrei no Youtube este belo video que fala por si.






Encontrei igualmente um artigo muito elucidativo, da autoria de Regionaldo Okado o qual a seguir publico.



Vowz Bar, um boteco de monges budistas




12/02/2010




Monges podem ter bar e servir bebida alcoólica para as pessoas? A religião permite? Eu fui pessoalmente saber qual é a real do grupo de budistas de linhas tradicionais japonesas que tem um boteco em plena Tokyo e que está na pauta da mídia japonesa e estrangeira no momento.




No bairro de Yotsuya, numa rua estreita povoada por barzinhos, encontrei a placa do Vowz Bar - lê-se Bōzu Bar - na parede de um prédio meio velho, de poucos andares. Subi ao segundo piso e entrei. Na primeira olhadela geral, parecia um típico nomiya (boteco japonês) como outro qualquer, com cadeiras em torno de um balcão e mesinhas ocupando o resto do espaço. Depois, comecei a perceber pequenos altares, estatuetas e gravuras sacras na parede.


Me apresentei ao careca atrás do balcão e disse que era brasileiro. Quase caí da cadeira quando ele respondeu – Boa noite. Muito prazer. Exatamente assim, em português! Depois, se desculpou porque já tinha esquecido o português que aprendera e continuou a conversa com o próprio idioma japa.

Me explicou que há cinco anos foi ao Brasil. Morou em São Paulo e trabalhou no templo Nishi Hongan-ji durante quatro meses. Seu nome é Yoshinobu Fujioka, 33, monge da linha budista Jōdo Shinshū e gerente do Vowz Bar desde que foi inaugurado, em 2000. Além dele, se revezam no boteco mais dois monges e uma noviça.




Aonde o povo está


Abri o menu. Não consegui segurar a gargalhada quando li o nome dos coquetéis. Pedi logo três de uma vez, para comparar: 1- gokuraku jōdo (Paraíso da Terra Pura), tinha um colorido dégradé e sabor adocicado; 2- aiyoku-jigoku (inferno do desejo carnal), um pouco espumante, vermelhão, meio doce e meio amargo; 3- mugen-jigoku (inferno eterno), cor preta e amargo.


Entre goles de inferno e paraíso, comecei a interrogar o monge Fujioka. Ele me explicou que o primeiro Vowz Bar foi inaugurado em Osaka (funcionou de 1992 a 2007), depois veio este de Yotsuya (2000) e mais um outro no bairro de Nakano, em Tokyo (2005).

O objetivo é cumprir a promessa que os monges da sua linha fazem - o de estar sempre no meio do povo transmitindo o budismo. Por isso, o nome do bar em alfabeto é a palavra inglesa vow (voto, promessa) acrescida do ‘z’. Na pronúncia japonesa vira bōzu (monge), que também é o nome em ideogramas.




Antigamente, os templos eram como centros comunitários e o contato com os monges era direto e cotidiano. Hoje em dia, não é mais assim, surgiram certas barreiras e distanciamentos. Por isso, existe um movimento dos religiosos de vários templos no Japão para tentar retomar esse antigo relacionamento. A criação do bar foi uma das idéias de maior êxito. “Qualquer um pode vir aqui e sentir-se à vontade até para desabafar e conversar sobre os seus problemas.

O budismo serve para isso, para ajudar as pessoas a encontrar um caminho mais relaxado e feliz de viver”, disse Fujioka.


Pedi um exemplo do ensinamento budista que ele acha importante para a atualidade. “Buda identificou os sofrimentos que impedem o ser humano de ser feliz e indicou o caminho para entendê-los e superá-los. É uma filosofia que se aplica até hoje. Por exemplo, todas as pessoas sentem inveja. É normal.

Contudo, ao invés de ficar nutrindo ódio por certo alguém que tem ou faz algo que você inveja, é melhor identificar e assumir o que lhe causa o sofrimento. E usar esse sentimento positivamente, como energia para você ter mais força para alcançar o seu objetivo. A outra pessoa, na verdade, está sendo referência para lhe indicar um caminho e você deveria ser grato por isso, em vez de odiar ou alimentar rivalidade. O paraíso ou inferno é aqui e agora, você que escolhe onde quer estar”, ensinou o monge.




Diversidade e descontração


Um homem na faixa dos 50 anos entrou no bar. Foi até o fundo onde se encontra um altar. Acendeu um incenso. Tocou um sino e rezou de mãos postadas. Veio até o balcão, sentou ao meu lado e pediu um chope.


Depois que atendeu o freguês, perguntei a Fujioka se não é uma transgressão religiosa um monge budista servir bebida? “Eu pertenço à escola Jōdo Shinshū. Não existem dogmas rígidos comparando com outras linhas.

Aqui no bar as pessoas se relaxam com a bebida e acabam se abrindo, desabafando e conversando mais descontraídas”, afirmou o monge. “Um dos problemas no Japão, atualmente, é a dificuldade das pessoas se comunicarem.

Muitos jovens não tem amigos, não têm com quem conversar abertamente. Então, o bar pode ser um ponto de encontro, um lugar para se chegar sem compromisso, apenas para beber. Mas sempre vai ter alguém aqui para ouvir”, acrescentou.


Lá pelas nove da noite o balcão ficou lotado. Esse é o horário que os bebuns assíduos costumam bater ponto. Me pareceu que era um grupo de amigos se encontrando. Homens e mulheres que chegaram sozinhos.


As conversas também eram variadas, não apenas sobre religião. Um dos últimos a entrar falou que foi assistir a uma corrida de barco e se deu mal nas apostas.


Eu fiquei impressionado com a diversidade e a descontração das pessoas que frequentam o bar. Tinha um católico e um adepto do shugen. Até os temas sobre religião foram discutidos pelo ponto de vista filosófico, papo cabeça, sem fanatismo.


Por fim, depois de muito perguntar e muito ouvir, concluí que iluminado é aquele que consegue bebericar os coquetéis que a vida oferece e não se afoga em nenhum. Só o paraíso ou só o inferno, seria monótomo demais.


- Obōsan, mou ippai! (Senhor monge, manda mais um!)


Texto e fotos: Reginaldo Okada©


Coordenação e pesquisa: Satomi Shimogo


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O templo Shaolin ou Xaolim é um famoso mosteiro budista localizado na província de Henan, na República Popular da China. Nele, viveu, no século VI, o 28º patriarca budista, Bodhidharma. No templo, Bodhidharma criou o estilo zen do budismo, bem como o estilo shaolin (xaolim) de kung-fu. Shaolin, traduzido do chinês, significa "Floresta Jovem". Este nome teve origem após um grande incêndio que devastou as florestas ao redor do templo. As árvores destruídas foram depois replantadas, o que tornou a floresta "jovem".









Desta forma não só a religião é dinfundida bem como se ensina a artes marciais, como tal já nada me admira.

4 comentários:

Catarina disse...

Chamar-se-á a isto evolução? Difícil aceitar estas mudanças.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimada Amiga Catarina,
Não direi que é evolução, mas sim arranjar maneira de enganar as pessoas em nome do Lord Buda.
Eu pessoalmente não entro nestas.
Abraço amigo

Anônimo disse...

No Japão tudo é possível... até já fazem cerveja de tomate português a que lhe deram o nome "TOMANOKU". Sai amanhã, de manhã artigo~, meu, sobre esta cerveja.
Abração amigo

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo José Martins,
Do Japão já nada me admira, será que o portas e sua comitiva beberam uns copos dessa exótica cerveja!...
Abraço amigo